terça-feira, 17 de agosto de 2010

A FORÇA LIMITADORA DOS PRINCÍPIOS

A FORÇA LIMITADORA DOS PRINCÍPIOS

Os fatores determinantes do custo da energia são o “processo termodinâmico” e o “regime de velocidade” em que as transformações se processam. O primeiro rege a transformação da produção de calor e o segundo rege a produção energia de acionamento. Vejamos como as diferentes formas de suprimento se comportam perante estes dois fatores:
Em primeiro lugar, quase todos os potenciais hidroelétricos no mundo todo já foram utilizados, em razão da sua evidente economicidade. Passaram pelo processo de “seleção natural” e, hoje, são raridade. A usina de Três Gargantas, em construção na China talvez seja uma das últimas hidroelétricas de baixo custo em todo o mundo. Com 185 metros de altura e rotação abaixo de nove Hertz, tem custo inferior a qualquer usina brasileira. Jupiá, com queda de 20 metros é uma das mais caras, visivelmente lentíssima.
No Brasil as possibilidades são ainda mais remotas. Os potenciais da Bacia Amazônica, vistos como promissores, devem ser analisados com cautela, pois são potenciais de baixas quedas e grandes vazões, característicos das regiões de planície, altamente hostis ao meio ambiente e com os altos custos inerentes (cerca de 3000 US$ /kW), em tudo semelhantes àqueles de Jupiá e jusante, no Rio Paraná.
As hidroelétricas atuais são limitadas fisicamente pelo relevo, tanto do ponto de vista econômico como ambiental e as termonucleares são custosas devido ao processo de transformação (cerca de 3000 e 6000 US$/ kW respectivamente). Fontes alternativas são ainda mais caras: Eólicas, de marés, geotérmica, solar direta, etc, inadequadas para aquecimento ou muito lentas para produzir energia de acionamento.

São condições geográficas que determinam o fraco desempenho dos grandes potenciais da região amazônica, tanto do ponto de vista ambiental como econômico. Pequenos desníveis criados para geração de energia elétrica implicam em grandes reservatórios, agressivos ao meio ambiente. Do ponto de vista econômico, a transformação se opera em regime de baixas velocidades, o que implica maiores custos de barragens e vertedores, alem do maior custo dos equipamentos, turbina, gerador e extensas linhas de transmissão. Exemplo: Uma usina de 56 metros de altura em lugar de duas, Jupiá e Ilha Solteira, produziria a mesma potência com custos substancialmente menores. Seria uma só usina com gerador de 24 polos e diâmetro de 12 metros, um só vertedor e, sobretudo dispensaria a construção do canal de Pereira Barreto. Este é apenas um exemplo ilustrativo de erros cometidos no passado.
O fato de termos construído, no passado, as custosas usinas hidroelétricas do Rio Paraná, pelas quais pagamos alto preço, não constitui motivo para incorrer nos mesmos erros. As condições se repetem agora, de maneira inteiramente semelhante às dos anos 80 quando os recursos financeiros dos países pobres do mundo estavam sendo transferidos para os industrializados. Em 80 as transferências ocorriam por conta das dívidas sobrevalorizadas, agora são nossas reservas que correm risco. Mas não somos obrigados a cair na cilada das altas taxas de juros e baixo preço das comodities, incluindo petróleo e etanol.
Em segundo lugar: termonucleares podem ser discutíveis por motivos de segurança, mas o processo inicial em si é eficiente e limpo, inclusive para destruir, infelizmente! Mas sua utilização se torna inadequada para aquecimento por motivo dos altos custos inerentes ao processo subseqüente da transformação indireta do calor em calor, condicionada ao segundo princípio da termodinâmica, como uma termoelétrica convencional a vapor d’água. O “processo termodinâmico” é inadequado.
Em terceiro lugar, o petróleo é um produto muito valioso para ser queimado, simplesmente porque é barato. Queimar petróleo é um desperdício -- ou forma predatória de utilização, como fonte de aquecimento, de um recurso valioso e insubstituível -- quando podem ser encontrados combustíveis líquidos mais simples, derivados da cana e celulose, que substituem suas propriedades puramente energéticas.
O petróleo é um produto sui generis, de mais larga utilização em todo o mundo em razão do multiuso dos inúmeros produtos valiosos que resultam de sua destilação. Explorar petróleo como matéria prima de exportação constitui um procedimento pouco inteligente, posto que, o petróleo é uma comodity como outra qualquer, cujo preço, 40 centavos de dólar o litro, é pouco superior ao da soja pronta para o consumo. Exportar petróleo bruto é como exportar comodities ou minérios, inclusive o etanol. O que realmente produz riqueza e desenvolvimento é a destilação do petróleo, uma das indústrias mais lucrativas do mundo, fonte de inúmeros conflitos e disputas políticas. O procedimento mais inteligente é exportar a tecnologia e maquinário de produzir etanol e usar combustíveis para geração de energia elétrica mais barata e de forma mais ecológica, em lugar de exportar combustíveis.
. Uma alternativa promissora, para países que dispõem de combustíveis alternativos e petróleo, como o Brasil, é a ”estocagem do petróleo” para utilização futura, quando novas tecnologias estiverem disponíveis. Neste caso, a melhor forma de estocagem é a “não exploração” dos poços conhecidos.
O petróleo é um produto valioso para ser queimado, simplesmente porque continua barato, mas, países de clima frio não têm alternativa visível para aquecimento, senão a queima de combustível, cerca de 40% de todo consumo mundial de energia. Consumirão preferivelmente petróleo barato em lugar da energia nuclear (8000 Us$/ kW), cuja construção é protelada. Por outro lado, utilizar potenciais de região de planície é uma forma de agredir o meio ambiente, alem de antieconômico.
Outro fator não considerado nas análises de alternativas se relaciona ao custo ambiental e econômico propriamente dito. Não leva em conta, por exemplo, que o combustível cultivado é muito menos agressivo ao meio ambiente do que hidroelétricas pela garantia antecipada de saldo negativo de emissão de gases do efeito estufa. No aspecto econômico a vantagem da utilização do combustível em termoelétricas é muito mais significativa em razão do “regime de velocidade” em que a transformação se processa. Apesar de menos eficientes no aspecto termodinâmico, esta desvantagem é largamente compensada pela transformação em rotação padrão de 60 Hertz, enquanto as demais fontes potenciais disponíveis estão restritas a transformação sob regime de baixíssimas rotações, característica dos últimos recursos potenciais de baixa altura e grandes vazões disponíveis, o que impõe custos elevados de equipamentos, barragens, vertedores, casa de força e, sobretudo extensas linhas de transmissão do atual sistema interligado, padronizado e sincronizado de frequência, de difícil gestão.

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