bois

CRISE DE ALIMENTOS
HUGO SIQUEIRA

TERRA PARA ALIMENTOS ENERGÉTICOS.

Quais alimentos? Cereais ou carne?
Parece intuitivo que produzir alimentos energéticos é tão fácil como produzir energia para aquecimento. Segundo cálculos aritméticos do professor R. C. Cerqueira Leite a quantidade terra necessária para suprir as necessidades alimentares energéticas da humanidade é de apenas 400 milhões de hectares, com a população de 10 bilhões (Folha, 6/1/2008).
Entretanto, produzir alimentos protéicos, como carne bovina, é muito mais complicado: exige a criação e engorda de bois que consomem, obviamente, 10 vezes mais grãos do que os cereais consumidos pelo ser humano. Se a cria e engorda do rebanho bovino é o principal concorrente da produção de alimentos e combustíveis, a providência natural seria a sua limitação, com abate de animais precoces ou a substituição por animais menores, não ruminantes. Tudo isso já vem acontecendo: frangos de trinta dias, porcos de três meses, bois de dois anos, etc, como resultado do desenvolvimento de novas linhagens e novas tecnologias da biogenética.
A terra pode ser utilizada de quatro maneiras principais: cultivo de alimentos energéticos para o homem; cultivo de grãos para animais; pastos de criação de bovinos e cultivo de plantas para a produção de combustíveis.
Países que dispõem ainda de áreas agricultáveis como Estados Unidos utilizam seus recursos de maneira eficiente subsidiando a produção de grãos para criação intensiva de bois em confinamento e, assim, evitar o excessivo transporte de mercadorias baratas. Confinamento de 200 mil bois, em uma única unidade, é prática comum. Ao contrário do que muitos pensam, não produzem grãos subsidiados para exportação, o que seria antieconômico. O Brasil tambem subsidia produtores de grãos através de juros negativos.

CRISE DE ALIMENTOS: TERRA PARA PRODUÇÃO DE GRÃOS E CARNE.

A produção de carne é o elemento chave de toda a questão, por exigir terra, tanto para a cria gado, como terra para a produção do grão, necessário para o confinamento de bois, que são os principais concorrentes da produção de alimentos e cana. Só para se ter uma idéia: o rebanho brasileiro de 210 milhões de cabeças supera a população e ocupa 200 milhões de hectares (um boi médio por habitante).
Conquanto as necessidades protéicas do ser humano sejam cerca de cinco vezes inferiores as necessidades energéticas, ou seja, 40 kg anuais por habitante, as necessidades de grãos para os bois conseguirem esta produção, são deis vezes maiores, quando confinados, ou seja: o dobro da quantidade para fim energético. O limite estabelecido pela FAO de 1,5 bilhões de hectares talvez seja atingido: A preocupação desse órgão das Nações Unidas é genuína. Como conclusão: não é a produção direta de alimentos energéticos para o ser humano que traz preocupação, mas a produção indireta de grãos para os bois que comem dez vezes mais.
A produção de um alimento protéico, como a carne bovina, requer transformações químicas e orgânicas muito elaboradas, de rendimentos muito baixos, característicos da vida.

PEQUENO HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DE BOIS

“Um grande problema” foi criado no momento histórico em que os ocidentais decidiram expandir a criação dos grandes ruminantes para a produção e aperfeiçoamento da produção de carne bovina como alimento protéico. Se tivessem permanecido como ruminantes talvez os problemas já tivessem encontrado uma limitação natural, pela falta de recursos.
Podemos dizer que a criação de bovinos seja invenção ocidental, iniciada na Europa e se alastrando depois pelas colônias da América e Oceania, durante o período do industrialismo. Os holandeses inventaram a vaca holandesa. Os ingleses criaram as linhagens de alta produção de carne (Aberdeen-Angus). O rebanho brasileiro (Zebu) tem sua origem na índia, que praticamente não consome carne, por ser animal sagrado. Países do leste asiático não têm rebanhos onde a pesca é sua fonte principal de alimentos protéicos. Países populosos do leste asiático consomem carne suína, aves e frutos do mar. Países de clima frio têm dificuldades para manter rebanhos.
A utilização da carne bovina como fonte de alimento protéico se tornará de tal forma proibitiva que acabará em privilégio de uns poucos países como Brasil, Argentina, Austrália e Estados Unidos, que ainda têm áreas de cria de gado não ocupadas com outras atividades mais eficientes. A maior limitação decorre da necessidade de um rebanho de 1,6 bilhões de cabeças, insuficiente para um consumo democrático de apenas 10 Kg / habitante ano, com a população final da humanidade em 10 bilhões de habitante. Nem mesmo a população atual de seis bilhões pode ser contemplada. A limitação é física, em termos de área, seja em regime extensivo ou confinado, pouco importa. É o processo que se tornou inadequado: o ser humano criou um animal para produzir alimento protéico com o qual não pode conviver, porque é um concorrente na ocupação do território. A criação extensiva de bois continuará, enquanto existirem áreas montanhosas inadequadas para qualquer outro tipo de uso da terra. Mas, certamente a carne bovina como alimento protéico se tornará uma iguaria, possível somente àqueles países com disponibilidade de terras para cria de gado.

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