quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

PEQUENO HISTÓRICO: SISTEMA ELETRICO,PETROBRAS E ETANOL

PEQUENO HISTÓRICO: SISTEMA ELETRICO,PETROBRAS E ETANOL


Desde a criação da Petrobras nos idos de 50 – sob forte apelo nacionalista da campanha do “petróleo é nosso” – jamais imaginaríamos que o Brasil tivesse petróleo. No curto período de pouco mais de vinte anos implantamos – em cooperação com países industrializados – uma indústria automobilística exitosa sem ter petróleo, até sermos surpreendidos pelo primeiro choque em 1973, quando o preço do barril atingiu a marca de hoje: aproximadamente 70 dólares, que corresponde ao dobro do valor atual se considerar a desvalorização do dólar no período (2% em 35 anos ou 3% em 24).
No mesmo período o país foi muito bem sucedido na implantação de um sistema elétrico quase perfeito, não fora a enorme dívida acumulada que levou a uma condição insustentável de comprometer mais de 50% das exportações, pela política dos juros altos imposta pelo governo Reagan. Não bastasse esse fato o país investiu pesado no programa do álcool, cujo acerto ficou definitivamente comprovado no final da década de 70. O país crescia a taxas surpreendentes de quase 14%, superando os “Tigres Asiáticos. Em seguida o Brasil entrou em uma fase de estagnação econômica com taxas de crescimento medíocre. Vieram os sucessivos planos heterodoxos que todos conhecem cujos detalhes não importa relatar aqui, nem seus autores. Somente após 94 o país conseguiu se firmar, depois de um processo de privatização de empresas do setor público que culminou com a extinção do monopólio e abertura do capital da Petrobras ao público, com ações em bolsa de valores, inclusive com participação de capital estrangeiro.
O que importa reconhecer é que – independente da ideologia do governo de plantão – Os três programas alcançaram êxito bastante satisfatório até os dias de hoje:
• O Sistema elétrico completou o ciclo de aproveitamento de todos os potenciais da Região Sudeste, com a colocação das duas últimas turbinas de Itaipu.
• O programa do álcool atingiu a máxima substituição de gasolina com a fabricação dos carros “Flex.”, totalmente a álcool ou gasolina aditivada.
• A Petrobras se firmou como empresa multinacional de eficiência reconhecida no mundo inteiro. Hoje cerca de 70% do capital está em mãos de trabalhadores através do FGTS, investidores nacionais e estrangeiros, cujas ações, cotadas na bolsa de Nova York, valorizaram substancialmente.
Hoje temos petróleo do “Pré-sal”: — Não é surpreendente? É o caso de questionar:
• Porque não deixar as coisas seguirem seu curso natural ao invés de pegar de surpresa um congresso em crise de legitimação?
• Qual a razão do açodamento no prazo 90 dias de um projeto que durou quase dois anos para ficar pronto, sem a nenhuma segurança acerca dos riscos inerentes a um processo inteiramente novo.
• Que seja a Petrobrás a maior beneficiária na exploração, não temos dúvida alguma, mas daí retroceder ao velho e surrado nacionalismo dos anos 50 vai uma diferença muito grande: até parece aquele doido Bolivariano ameaçando.
• Como impedir que outros sócios que acreditaram no sucesso da Petrobrás mantenham a participação original e que talvez não concordem com os propósitos e fins da companhia outra vez nacionalizada?
• Como bons capitalistas alguns talvez aceitem de bom grado o “guarda chuva protetor” que governo oferece, outros nem tanto: afinal são sócios estrangeiros que podem não querer se comprometer com os propósitos nacionalistas de governos latino-americanos como aqueles que nacionalizaram empresas brasileiras como a própria Petrobras. Afinal já fizemos isso antes quando nacionalizamos as empresas canadenses do setor elétrico, se lembram?
• Como fica a situação de todos os trabalhadores, cujos fundos de garantia não rendem nada, ou menos que nada? Permanecerão com suas aplicações desvalorizando eternamente? E outros sócios que não têm meios de completar sua cota, terão dividendos diluídos?
Petróleo e carvão são responsáveis por 92% da energia consumida nos países industrializados — os maiores consumidores — depois de terem esgotado todos os potenciais hidroelétricos. Países em desenvolvimento queimam petróleo e biomassa na produção e transporte de alimentos (30%). São os únicos a ter potenciais ainda inexplorados de hidroeletricidade, conquanto na quantidade reduzida de 700. 000 Mw.
A queima direta do combustível é a forma natural e eficaz de produzir energia, especialmente para o fim precípuo de produzir aquecimento de residências, maior componente do consumo dos países industrializados de clima frio (58%). A queima direta do combustível não requer investimento e toda energia química contida no combustível é transformada quase integralmente, de acordo com o segundo princípio da termodinâmica. Nada impede, entretanto, que sejam utilizadas outras fontes de maior custo, como termonucleares para produzir aquecimento. Em outras aplicações, como o acionamento de máquinas e veículos a queima de combustível é ineficiente porque a maior parte da energia é perdida sob forma de calor e o rendimento da transformação, em termos de energia mecânica, é muito baixo.
O segundo maior componente do consumo dos países industrializados é o transporte (34%), incluído o transporte individual. Como meio de transporte, entretanto, o automóvel é um modo caro e ineficiente: a maior parte do custo se refere aos opcionais de conforto e apenas parte energia consumida se transforma em energia útil, o restante é perdida em refrigeração e lubrificação do motor e dispositivos de conforto.

É claro que o progressivo encarecimento das novas prospecções de petróleo em mar profundo e o maior custo das hidroelétricas das regiões de planície vai tornar competitiva a energia de outras fontes alternativas, liberando energia para fim de aquecimento e encorajando as pesquisas. Já são possíveis tecnologias que permitam o aproveitamento total da cana bem como a produção de combustível a partir da biomassa de floresta cultivada, cuja produtividade aumentou expressivamente com emprego da biotecnologia.
Os países industrializados podem economizar energia de aquecimento, pois têm condições de adotar tecnologias mais eficientes. Afinal, detendo 70 por cento da energia gasta no mundo todo, tem mais onde cortar. Tambem dispõem de capital para bancar nucleares mais caras, no caso mais extremo. Por mais que economizem energia no uso final, entretanto, ainda continuam grandes consumidores: consomem mais energia de aquecimento que os países em desenvolvimento consomem em alimentação Ao contrário, os países em desenvolvimento, vão ter de produzir os seus próprios combustíveis e, sobretudo, os alimentos (grãos) para alguns países industrializados e emergentes.
Em países tropicais o custo do aquecedor solar é cerca de um terço do equivalente ao suprimento por novas hidroelétricas e deveria ser subsidiado, tal como vem acontecendo no programa “energia para todos” e “irrigação noturna” que não requerem nenhum suprimento extra pela sua característica inerente.

PERSPETIVAS DE CARROS ELÉTRICOS

Conquanto o carro elétrico (ou a hidrogênio) pareça um meio de transporte racional -- econômica e ecologicamente falando – seu uso não acontece por um motivo simples: não é, tipicamente, um meio de transporte senão um objeto de luxo e ostentação para distinguir categorias de pessoas. Não é, definitivamente, o ideal de autonomia imaginado pelo usuário que deseja dar segurança à família ou então aparecer como forma de status social. Automóveis são construídos “as carradas” (desculpe o trocadilho) para permanecerem a maior parte do tempo parados no trânsito, nos estacionamentos ou em garagens por absoluta falta de usuários ou mesmo por impossibilidade física de uso simultâneo como acontece nos países industrializados (2 carros por habitante). O culto do automóvel agora que está atingindo a classes de baixa renda dos países em desenvolvimento que desejam participar tambem do sonho americano de consumo. Não chega a ser um meio eficaz de transporte visto que na maioria das vezes está parado ou transportando uma só pessoa.

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