sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

APROVEITAMENTO SUSTENTÁVEL DOS POTENCIAIS DA AMAZÔNIA

(parte dois 11 páginas)
Há mais coisas no ar do que os aviões de carreira.
Aporelli.
È quase impossível passar ”em brancas nuvens” o “Belo Monte de problemas” que constitui o lançamento do megaevento prometido para o final do ano: A licitação da Usina de Belo Monte. Guardadas as devidas proporções, é comparável — em termos de marketing político ao lançamento do Pré-sal. De onde estiver, o saudoso Stanislau Ponte Preta (Sérgio Porto) estará assistindo a materialização — no besteirol do congresso — do seu famoso “FEBEAPÁ : Festival das Besteiras que Assola Este País. Não é para menos: um dos últimos e bons potenciais da região Amazônica comparável — como usina de fio d’água e em termos de potência instalada — à usina de Itaipu, mas de pequena capacidade de produção de energia.
Por traz “do Belo Monte” se esconde uma fauna exótica de marqueteiros políticos, lobistas, governadores, senadores, entre os quais nossa sumidade em matéria de energia, Lobão (o outro é claro!). De outro lado, os mais genuinamente interessados: índios, povos da floresta e ambientalistas, mineradoras, produtores de alumínio, técnicos e elevados interesses políticos que o evento propicia como véspera do ano eleitoral. O evento extrapola o mero interesse de técnicos, mineradoras, ambientalistas porque representa a oportunidade de mudança da estratégia seguida até aqui, nos rumos do planejamento energético e mineral. Técnicos e políticos depositam expectativas demasiado otimistas acerca das imensas riquezas que a realidade do campo gravitacional da Amazônia não mostra:
O que mais caracteriza os potenciais da região Amazônica é que em sua maioria são potenciais de fio d’água, de baixa altura local e situada em planície de baixa altitude, tecnicamente incapazes de constituir estoques de energia.
Comparativamente, o estoque de energia depende ao mesmo tempo da altura local e da altitude. A altura local limita o volume do reservatório em região de baixa declividade e a altitude limita o estoque que esse reservatório pode constituir.
Nada impede, entretanto, que a energia de recursos de fio d’água seja enviada para suprir demanda no período seco do Sudeste, cujos reservatórios podem ser mantidos cheios com a água economizada. Mas, esta é uma possibilidade ilusória, conquanto inteligente. Estoque de energia é uma variável sistêmica que não está localizada em um ponto determinado do sistema. É uma variável que pertence ao sistema como um todo, cujos componentes se transformam em energia elétrica nas diversas alturas das usinas de jusante do mesmo caminho da corrente do rio assim que o volume dos reservatórios de cabeceira libera água. Ora, não se pode reter água nestes reservatórios sem comprometer o funcionamento da usinas de jusante, de cuja vazão sua capacidade é dependente.
O que foi feito até agora nas primeiras usinas (Tucuruí, Madeira, etc.) é uma tentativa de extensão à região amazônica da mesma estratégia bem sucedida no Sistema Elétrico do Sudeste. Mas, o sonho de um sistema único interligado pode não ser atingível. Existem limitações de natureza física e econômica para impedir que os recursos potenciais da Amazônia sejam utilizados em sua plenitude e assim integrados, alem daquelas de cunho ambiental que por si só seriam suficientes:
São condições geográficas que determinam o fraco desempenho dos grandes potenciais da região amazônica, tanto do ponto de vista ambiental como econômico. Pequenos desníveis criados para geração de energia elétrica implicam em grandes reservatórios, dispendiosos e agressivos ao meio ambiente. Do ponto de vista econômico, a transformação se opera em regime de baixas velocidades, o que implica maior custo dos equipamentos, turbina e gerador e maiores custos de barragens e reservatórios.

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