Outras formas de energia renovável (nuclear, geotérmica) são fontes eficientes de produção de calor e não têm limitações físicas, mas o calor por elas produzido não pode ser utilizado diretamente sem passar pelo incipiente “processo termodinâmico” da turbina a vapor subseqüente. Todas as outras formas de energia alternativa esbarram de uma forma ou de outra, nas limitações de dois princípios básicos, por isso são mais dispendiosas, embora não tenham nenhum outro tipo de limitação.
A turbina de bulbo substitui com vantagem as volumosas turbinas Kaplan em usinas com altura de queda inferiores a 20 metros, que constitui a grande maioria dos potenciais disponíveis atualmente. Ambas são hélices lentas que diferem apenas pela disposição e número de unidades de cada usina, o que facilita a padronização. O que torna o seu emprego interessante é o fato de estar associado a um tipo particular de usina que praticamente não tem reservatório (fio d’água), cuja altura de queda foi limitada intencionalmente para reduzir o impacto ambiental dos grandes reservatórios em regiões de planície. Ao reduzir a altura o custo de capital da usina como um todo é automaticamente reduzido. Nestas usinas os equipamentos e vertedores constituem a quase totalidade do custo, de vez que barragem e reservatório são reduzidos ao mínimo. Considerando que são impraticáveis os reservatórios na região Amazônica, as turbinas de bulbo dominarão o contexto da maioria dos empreendimentos hidroelétricos daquela região.
Turbinas eólicas e turbina de bulbo de eixo horizontal se assemelham as turbinas Kaplan de eixo vertical no aspecto velocidade. Todas são hélices lentas, portanto sujeitas às mesmas limitações econômicas.
“A energia solar pode ser convertida em calor para o aquecimento da água ou pode ser convertida diretamente em eletricidade através das células solares (fotovoltaica). Ambas as conversões constituem fontes renováveis que não são limitadas fisicamente como a hidroeletricidade e a biomassa. Entre as opções em desenvolvimento, as células de silício amorfo são especialmente promissoras. Entretanto, ainda não existe tecnologia fotovoltaica para largo uso comercial. Tecnologias para outras fontes renováveis estão em andamento: energia eólica ou dos ventos; maré motriz; reversíveis, etc. Tecnologias menos ambiciosas para produção de energia ainda apresentam tremendos desafios econômicos”. (José Goldenberg)
Nos países industrializados, a queima direta de petróleo é a forma natural de evitar os elevados investimentos em energia nuclear, imprópria para fins de aquecimento. Nos países em desenvolvimento a utilização de termoelétrica a gás é a forma atual de evitar os custos ambientais e elevados investimentos em reservatórios de usinas hidroelétricas. Do ponto de vista econômico e ambiental a moderna turbina a gás é o análogo do aquecedor a gás que é um dispositivo muito mais eficaz do que chuveiros elétricos.
Termoelétrica a gás pode ser mais eficiente do que as hidroelétricas do Amazonas, tanto no aspecto econômico quanto ambiental, assim como o aquecedor a gás é mais eficiente do que o chuveiro elétrico em ambos os aspectos. Quando falamos em modernas termoelétricas a gás estamos nos referindo às turbinas velozes que acionam geradores de 2 ou 4 pólos, em freqüência de 60 hertz (ou mais!!!) e não às térmicas convencionais a vapor que utilizam caldeira, verdadeira “reminiscência arqueológica” do industrialismo.
Mas, argüirão os ambientalistas, como podem ter custo ambiental menor, se queimam combustível poluente, emissores de gás carbônico? A razão é simples: termoelétricas a gás não só requerem menor investimento como impactam menos o meio ambiente do que os grandes reservatórios das atuais usinas hidroelétricas da Amazônia. Se a energia elétrica fosse realmente barata como afirmam, estaríamos utilizando no Brasil os fogões elétricos mais cômodos e menos poluentes. Foi o mito da hidroeletricidade barata que levou os brasileiros à utilização dos anacrônicos chuveiros elétricos, concentradores de demanda, cujo custo só é pequeno para o consumidor final, não para o país como um todo. Assim como o fogão a gás é mais econômico do que o fogão elétrico, o aquecedor a gás deveria substituir o anacrônico chuveiro elétrico utilizado no Brasil, porque este requer o suprimento de energia por usinas hidroelétricas dispendiosas, cujos reservatórios são prejudiciais ao meio ambiente. O custo do aquecedor automático a gás é cerca de um quinto do melhor aquecedor solar, de forma que, mesmo gastando gás combustível, chega a ser mais eficaz do que este. As hidroelétricas da Amazônia só serão mais econômicas e ambientalmente mais corretas quando subutilizadas, em regime de baixo nível de aproveitamento, com limitação da altura da barragem condicionada a não inundar mais do que as enchentes naturais (low profile). Nestas condições, o custo é substancialmente reduzido por dispensar barragem e reservatório, como uma usina de fio d’água (78 U$ / Kwhora na usina de Girau).
— Será possível um ‘desenvolvimento sustentável, para todos os recursos naturais: hidroelétricas da Amazônia e exploração de petróleo, de maneira semelhante ao se que faz na Amazônia para o manejo sustentável dos recursos naturais da floresta?
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
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