• Porque utilizar termoelétricas poluentes, se existem potenciais inexplorados na Amazônia? Resposta: Há uma crença baseada em um exagerado otimismo acerca da capacidade de hidroelétricas da Amazônia de suprir energia. As vantagens são aparentes Hidroelétricas são fontes limpas e baratas, mas não são seguras, porque dependem do tempo. Não é uma boa estratégia utilizar fontes que dependam do temp para oferecer garantias de suprimento. O problema do sistema interligado não é de suprimento de energia, mas falta de estoque para enfrentar períodos de escassez de chuva. No começo, o sistema contou com recursos potenciais de cabeceira, extremamente baratos e adequados para constituir estoques de energia, cerca de 30 vezes superior a energia natural afluente às usinas, capazes de garantir a autoregulação. Todos os reservatórios que poderiam concorrer para formação de estoque já foram construídos, de modo que a entrada em operação das últimas unidades aumenta a energia natural e vem diminuindo progressivamente a relação entre estoque e energia afluente, hoje reduzida a pouco mais de cinco vezes, insuficiente para manter a autoregulação no ano de 2001, quando ocorreu o “apagão”.
O problema do estoque de energia é semelhante ao enfrentado pelo Egito antigo, cujos faraós tinham de prover estoque de alimentos para fazer face aos anos de seca prolongada. Por isso eram bons observadores do tempo e bons matemáticos, para registrar a ocorrência de chuvas, de forma semelhante ao que fazemos hoje com as tabelas de vazão dos rios. Como bons astrônomos, tentavam adivinhar o tempo e as cheias do Nilo, do qual dependiam. Hoje, sabemos que o tempo não é previsível em longo prazo. Não há um futuro previsível para o qual possamos estar preparados. Os eventos da natureza são probabilísticos, de difícil previsão. Quando ocorreu o “apagão”, a solução de emergência encontrada foi o racionamento e a compra de térmicas para amenizar o problema. Passado o perigo de desabastecimento, o problema continuou irresolvido. Térmicas são mais seguras por não depender do tempo, mas podem ser mais caras e poluentes devido a queima de combustível. Constituem depósitos de energia que diferem dos reservatórios, apenas no aspecto de estarem disponíveis a todo o momento, independente do fator tempo. Entretanto, não precisam realmente funcionar todo o tempo e seus custos operacionais podem ser reduzidos quando as chuvas forem abundantes. Como o seu custo de capital é baixo, servem para ficar de reserva e oferecer garantia de suprimento nos momentos críticos. Termoelétricas podem ser menos agressivas do que hidroelétricas se forem utilizadas apenas em períodos de baixa vazão afluente.
Outra forma de aumentar suprimento seria o recurso às importações de energia, tentando repetir o sucesso anterior do atual sistema interligado. Como afirmamos anteriormente, o problema não é de suprimento: pode-se importar energia, mas não o estoque de outras regiões. Primeiro é preciso verificar se as regiões são complementares e se tem capacidade de constituir estoque para serem integradas em um sistema único. O problema continua irresolvido, agora, porem, em escala maior. Para haver integração é preciso que haja complementaridade. Bacias semelhantes não são integráveis. O ideal de um sistema único interligado parece inatingível. Para agravar a situação, constatamos que na bacia Amazônica, onde se encontram cerca de 80% das reservas, os potenciais não têm a qualidade esperada de constituir reservatórios de acumulação, como os encontrados no Sudeste. Geralmente são potenciais de baixa altura característicos dos relevos de planície, portanto mais dispendiosos e incapazes de serem utilizados como reservatórios de regulação plurianual.
Os reais defensores do meio ambiente podem ficar tranqüilos quanto ao fato de serem injustamente acusados de contrários ao progresso ao impedir reservatórios agressivos na Amazônia. A grande verdade que não é comunicada ao grande público é que os potenciais da Amazônia não são tão valiosos quanto muitos imaginaram. Podem produzir potência, mas não energia para compor estoques. São mais dispendiosos em razão dos artifícios utilizados para reduzir seu efeito danoso ao meio ambiente.
• É possível repetir a mesma experiência de sucesso do atual sistema interligado? Resposta: Há uma crença generalizada de que todo o sistema elétrico possa ser integrado em um único sistema interligado, mas hoje o objetivo é visto como inatingível porque as bacias não são complementares. Os potenciais da Amazônia não têm capacidade de acumulação de energia devido a acentuada sazonabilidade, com longos períodos de seca.
• Os diversos sistemas podem ser interligados? Resposta: Não há como integrar bacias semelhantes. Para que possam ser integrados é preciso haver complementaridade entre bacias. A evolução do sistema elétrica vai trilhar um caminho distinto do que foi a evolução do atual sistema elétrico. Não há como prever esta evolução, mas o aproveitamento dos recursos potenciais da Amazônia deve seguir caminhos de produção de energia para fins específicos de aproveitamento de recursos minerais existentes em abundância na região. Um bom exemplo deste tipo de aproveitamento é a usina de Belo Monte, que, junto com Tucuruí é esparsamente complementar a região Nordeste. Este último já vem servindo para o fim mencionado em grande parte da energia produzida.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
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