Qualquer sistema de suprimento seja térmico (países industrializados), seja predominantemente hidroelétrico (Brasil), é inevitável que usinas sejam construídas para ficarem paradas em quase metade do tempo. Mas, o efeito da concentração é mais acentuado em países em fase histórica de produção de produtos primários (agrícola) e industriais, ao contrário de países industrializados que já passaram para a fase da economia de serviços (terceira onda). Ora, as usinas térmicas são as mais indicadas para permanecerem ociosas pelo baixo custo de capital, em substituição às hidroelétricas que se tornaram mais dispendiosas. Enquanto o custo de termoelétricas permaneceu constante, o custo incremental de hidroelétricas foi aumentando no decurso do tempo, pela utilização dos melhores potenciais.
O custo da energia suprida por hidrelétricas (KWHORA) corresponde ao juro horário do custo do kW instalado e inversamente proporcional ao fator de uso. Nas condições da crise atual, juros em alta e custo elevado do kW instalado penalizam as hidroelétricas que, praticamente só tem custos fixos, enquanto preços baixos de combustível e preço do kW instalado privilegiam as termoelétricas.
Em razão das grandes mudanças ocorridas no fim do século, as circunstâncias são inteiramente novas, de forma que a preferência incontestável por hidroelétrica pode ser negada pelas razões seguintes: custo de hidroelétricas em torno de 3000 US$ /kW por falta de opção; dependência do fator capital tanto pelos juros em alta como falta de crédito em decorrência da crise atual. Por outro lado muitos fatores favorecem as térmicas: baixo preço de combustíveis; avanço em turbinas mais velozes adaptadas aos novos combustíveis alternativos como álcool e gás de petróleo.
Não é um procedimento inteligente explorar petróleo ou álcool como matéria prima para fins de exportação, especialmente agora que o preço dos combustíveis está em baixa. Mas é uma boa oportunidade para produzir energia a partir de um combustível cuja produção já foi antecipada pela plantação de cana.
TERMOELÉTRICAS MODERNAS
Máquinas térmicas a vapor foram utilizadas com baixa eficiência, como fonte de energia de acionamento durante a revolução industrial, muito antes de a eletricidade ter sido inventada. Para se ter uma idéia de como o processo era arcaico, basta imaginar as locomotivas a lenha e carvão de 50 anos atrás: verdadeiras fábricas ambulantes, produtoras e consumidoras de vapor d’água para acionamento de locomoveis em uma só unidade. Em que pese as limitações de carregar o combustível, foram extremamente úteis para o desenvolvimento humano. Hoje, termoelétricas a vapor d’água constituem a base das transformações de grande parte de tecnologias alternativas, alardeadas como salvadoras da humanidade, razão porque não frutificam. Mas, a grande revolução ocorreu quando a energia elétrica passou a ser utilizada, como forma intermediária de energia, alcançando níveis de eficiência, economicidade e versatilidade jamais alcançada por qualquer outra forma de transformação.
Conquanto a termoelétrica a gás seja mais eficiente, muita energia ainda é perdida na forma de calor dos gases de escape e por isso não é utilizada isoladamente, de forma que sua utilização atual é na forma combinada com a termoelétrica a vapor, de maneira a aproveitar a energia dos gases de escape. Com esta combinação o rendimento do conjunto é substancial elevado (cogeração).
Nas fases iniciais de qualquer sistema elétrico a abundância de potenciais inexplorados oferece enorme oportunidade de escolha. Obviamente, são utilizados em primeiro lugar os de mais baixo custo, situados nas cabeceiras dos rios que compõem a bacia estudada. Estes primeiros potenciais tinham custos tão surpreendentemente baixos que chegam a custar menos que o custo total de termoelétricas. O custo da hidroeletricidade foi tão atrativo que levou ao esgotamento dos potenciais disponíveis, nos países industrializados, os quais acabaram tendo de optar por usinas termoelétricas mais dispendiosas. Profundas mudanças estruturais levaram os países industrializados a migrar em direção a nova fase das inovações da economia de serviços, terminado o industrialismo por volta de 1950, período no qual os paises em desenvolvimento estavam apenas ingressando. Esta mudança estrutural inverteu totalmente o papel de cada país no que respeita ao perfil do consumo. Países industrializados deixaram de ser produtores de bens industriais, diminuindo o consumo de energia de acionamento e passando a consumidores de energia de aquecimento e acionamento de veículos, daí a sua extrema dependência de petróleo. Países em desenvolvimento são os que mais necessitam de energia de acionamento para produção de bens industriais, por ainda permanecer na fase do industrialismo, do qual os industrializados estão migrando. Continuam, entretanto, dependendo de combustível para produção de alimentos, acentuando ainda mais a dependência mundial por combustível.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
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