HIDROELÉTRICAS DO RIO MADEIRA

As hidroelétricas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio licenciadas recentemente, são as piores alternativas de suprimento de energia elétrica nos próximos anos, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. A restrição de crédito imposta pela crise recessiva mundial indica claramente juros em alta e preço de combustíveis em baixa, condições que favorecem duplamente a alternativa termoelétrica do ponto de vista econômico. Do ponto de vista ambiental, termoelétrica a qualquer combustível já é menos agressiva do que as hidroelétricas atuais e poderão se tornar ainda mais indicadas se utilizarem combustível renovável. Termoelétrica a álcool constitui a alternativa mais promissora de suprimento de energia.
A desistência unilateral do contrato de obras de transposição do Rio São Francisco pela Camargo Correa abre caminho para as próximas desistências que serão as usinas e linhas de transmissão do Rio Madeira, tambem recentemente licitadas. Estas, não despertaram interesse de empresas internacionais, detentoras exclusivas da tecnologia apropriada (um milhão de volts em corrente contínua). Ora, se até a gigante Petrobrás está sendo afetada pela escassez de crédito, é natural que os vencedores da licitação das usinas do Rio Madeira tambem o sejam, a exemplo da Camargo Correa. O governo não precisa antecipar desculpas, como a “janela hidrológica”, para justificar um novo leilão, do qual sairia vencedor um proponente de alternativa termoelétrica a gás. A melhor solução seria deixar os ganhadores das licitações das usinas do Rio Madeira a sua própria sorte, de forma que desistam voluntariamente em razão das restrições de crédito a que estarão sujeitos. A ameaça de que a ANEEL vai ser obrigada a fazer um novo leilão, cuja proposta vencedora seria uma termoelétrica a óleo, resulta de uma visão equivocada do que seja preservação ambiental. As emissões de gases do efeito estufa em termoelétricas são ridículas perante a agressão das queimadas e dos reservatórios em região de planície. Por esta visão equivocada o Brasil não deveria explorar as reservas de petróleo do pré-sal, de cuja descoberta o governo vem ultimamente se vangloriando. Termoelétricas a óleo podem ser evitadas simplesmente introduzindo, nos próximos leilões, cláusulas contratuais restritivas ao emprego de combustíveis não renováveis. Com essa providência o programa do álcool -- que corre perigo --não seria penalizado.
Não podemos esperar que todos os países, indistintamente, deixem de utilizar combustíveis, apenas porque isso nos pareça ambientalmente inadequado a priori. Sobretudo se estiverem conscientes de agir racionalmente, ao cumprirem as restrições econômicas de princípios físicos como o “Processo Termodinâmico” e o “Regime de Velocidade” para o atendimento de necessidades vitais de alimentação e aquecimento. Não podemos brigar com a física.
Condições ambientais não constituem fenômeno objetivo porque as conseqüências de sua prevenção não recaem igualmente sobre todos os países. Países que já têm suas necessidades básicas satisfeitas atribuem um valor diferente daqueles países com maiores premências de alimentação e aquecimento, que consideram anteriores às necessidades de preservação ambiental.